Saindo de férias depois de um
longo e tenso período de trabalho, peguei as malas e fui de partida para a
região sul do país. Lá encontrei grandes amigos, que me deram uma aconchegante
hospedagem por mais ou menos quinze dias. O Suficiente para conhecer uma
cidade, seus principais pontos turísticos, bares e feiras. Um determinado dia
um dos meus amigos que vou chamá-lo de João me informou de um passeio de trem
que deveria ser feito. Passeio que desce toda a parte serrana do estado até
outras cidadezinhas mais frígidas, isso poderia ser feito em um único só dia.
Combinei com João que depois de completar todo passeio nos encontraríamos na
estação final e assim foi que no dia do passeio acordei muito cedo, o clima
estava meio frio nuvens baixas e chovendo aos poucos em alguns pontos. Para
descer a serra preferi ir sozinho, sendo assim aproveitaria este tempo para
pensar mais um pouco sobre a vida.
Bilhetes conferidos, poltrona
localizada, o trem dava suas últimas chamadas, estava chegando à hora da
partida, “pronto vou descansar um pouco”, foi quando senti o trem mover-se.
Mais uma vez o sinal e o trem para total, a guia rapidamente apresenta-se e
explica que existem os retardatários e neste momento entra um rapaz no trem, todo
vagão o segue com os olhos e ele sente bem do meu lado. Fiz que estivesse
dormindo quando escutei sentar a dizer “bom dia”, continuei na minha tentativa
de entrar na imensidão dos meus sentidos e quem sabe chegar a dormir o trem
logo foi ganhando seus 20 km de velocidade. A viagem seria longa!
Depois 1h acordei de um cochilo,
o frio estava intenso eu não conseguia nem mais ficar sentado, minha respiração
estava começando a ficar parca. Olhei para o rapaz do lado e o vi com um livro
em suas mãos “Conversando com...” Ele me olhou-me e disse: Você conhece? Já
leu? E estranhando a atitude do rapaz disse-lhe que não conhecia e logo foi uma
seqüência de assuntos. O reconheci de rapidamente, ele era um político
conhecido a nível nacional.
- Você está sozinho? Disse o político elegante!
- Sim estou! Respondi timidamente.
- É uma viagem longa! Disse ele fechando o livro.
Ali foi o início de uma longa conversa sobre viagens e lugares bonitos e
diferentes. Meio que curioso o político pediu para ver em minha câmera às fotos
que tinha feito naquele passeio e fomos navegando nas imagens pelo barulho do
trem em seus velhos trilhos. Depois de 4 horas chegamos à cidadezinha desejada.
O lugar era maravilhosamente lindo, sem palavras para descrição, o frio deixava
a lugar e as pessoas mais charmosas, bem vestidas com seus belos casacos e
luvas. Ao meu lado estava ele, o
político galante ou o galante político, agradável e bem humorado, naquele
momento não o quis ver como um “político”, mas como a pessoa que ele desmontava
ser, gente fina.
Achamos um restaurante legal e
entramos para comer algo. E nossa conversa foi seguindo hora ficávamos calados
hora queríamos os dois falar ao mesmo tempo. Foi quando meu celular tocou
insistentemente era o meu amigo João, contou que teve um pequeno problema com
se carro e ainda teria que levar sua mãe em uma emergência. Entendi a
casualidade perfeitamente e pensei “seja
como for, mas seja”. O galante logo percebeu minha aparência preocupada e
ofereceu ajuda.
- Algum problema, posso ajudar? Está com ar de
preocupado?
E já fui explicando o ocorrido,
que não sabia como voltar para casa, pois estava na casa de um amigo que ficou
de vir ao meu encontro e por uma casualidade não poderia mais vir. Teria que
resolver como voltar para a capital. O esperto político aproveitando a situação
me fez um convite.
- Não fique preocupado Daniel, vim para dormir por aqui hoje, meu
motorista ficou de me buscar amanha à tarde, mas posso desmarcar e voltar hoje
com você, claro sem problema algum.
- Não,
não! Jamais quero atrapalhar seus planos, sua viagem. Falei recusando de
imediato, mas ele retrucou.
- Bom Daniel, você tem duas
escolhas, ou você volta comigo hoje ou ficamos por aqui até amanha! Para mim
qualquer uma das duas será bem vinda, decida-se.
Fiquei sem opção, voltamos a
conversar o por ali o resto do dia foi passando e saímos andando aos poucos
pela cidadezinha, com belas casas e uma boa historia guardada entre elas. O
político me encantava com cada palavra, sempre muito atencioso, saber se estava
precisando de alguma coisa. O frio me deixava meio inquieto, o venta gelado que
soprava do sul ateava sobre as estreitas ruas com aparência de abandonada,
pouca gente passava por ali, pouco movimento. Tudo muito romântico, delicado,
inocente. Sentamos em um banco a beira-mar e ficamos ali juntos, vendo o dia
descansar e noite entrar em evidencia, o vento intensificar e o seu frio deixar
a cidade completamente sem circulação de pessoas nas ruas. Aos poucos víamos
algumas janelas fechar e portas bater.
- Ainda espero uma resposta sua! Eu consigo suportar esse frio por um bom
tempo! Disse o político com olhar de segundas intenções. O velho matador!
- Se estou a deriva, deixo você tocar o barco. Falei serio e
timidamente, tentando me aquecer sobre as luvas e casaco de couro confortável
que eu vestia.
Ele olhou a fundo no mar escuro,
com um vasto suspiro, soltou um sorriso, e me disse com o olho brilhante: Hoje você terá uma noite inesquecível.
Ele levantou rapidamente saiu andando meio apressado dizendo: Vem comigo! E chegamos a uma pequena e pousada,
ates de entrar na guarida ele me olhou fundo e disse: Não importa o quanto o dinheiro compre, gosto de viver a simplicidade
da vida. E ao entrar, confirmei, era tudo muito simples, mas bem agradável
e confortável. O esperto político já tinha reservado uma boa suíte e a sua bagagem
já estava devidamente bem acomodada, o quarto bem aquecido com apenas uma cama,
larga e visivelmente confortável. Fui até uma pequena janela que havia naquele
espaço que dava vista para a rua, estávamos no 5º andar. O político sedutor
veio me abraçando e disse:
Continua...
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